AEPGA

 

III Encontro de Ferradores organizou-se no Soito

O III Encontro de Ferradores decorreu no dia 25 de Fevereiro, na aldeia do Soito, numa organização conjunta entre a Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino (AEPGA) e a Câmara Municipal do Sabugal.

Os serviços oferecidos pelo ofício de ferrador são essenciais para a saúde e bem-estar dos equídeos, mas como é sobejamente conhecido, esta profissão tem vindo a desaparecer paulatinamente do meio rural português. Com o objectivo de contrariar esta tendência, a AEPGA, tem vindo a organizar encontros regulares entre estes profissionais noutros pontos do país, estimulando a partilha de experiências entre os participantes.

Estes encontros pretendem revitalizar esta área profissional, criando uma rede de trabalho e dotando os seus profissionais de conhecimentos actualizados e especializados em asininos.
Segundo Belén Leiva, veterinária da AEPGA “os cascos dos burros são diferentes dos cascos dos cavalos, e por este motivo requerem também abordagens distintas”.

Com estes Encontros, a associação pretende ainda que a profissão de ferrador possa ser exercida com dignidade pelos profissionais que ainda desenvolvem a sua actividade no meio rural português, e atrair jovens para esta via profissional. Caso de Manuel Campião, ferrador da AEPGA em actividade há mais de uma década, e que demonstrou como se realiza um aparo de cascos a um burro, na componente prática do Encontro.

Beatriz Rodrigues, habitante do concelho do Sabugal e criadora de burros, reflecte que “persistem ainda muitas práticas “antigas” no trato dos burros desde a forma como se lida no momento de tratar os cascos, “domando” o animal infligindo-lhe dor ao invés de ganhar a sua confiança, ou o “deixar andar o animal” até que manifeste algum mau estar, momento em que finalmente o dono pondera tratar dos cascos, por vezes já em situações extremas”. Efectivamente, esta forma anacrónica de maneio dos animais ainda é algo comum em Portugal, e por este motivo a AEPGA desenvolve esforços no sentido de sensibilizar os criadores e tratadores de burros para a importância do treino animal baseado no reforço positivo, em detrimento do uso de métodos punitivos.
Beatriz considerou ainda que “todos estes momentos são uma mais valia porque acrescentam conhecimento, juntam pessoas com os mesmos interesses e criam-se redes. E é precisamente isto que necessitamos cada vez mais, sentirmo-nos ligados, encurtarmos as distâncias e fortalecermos estas relações, entre nós todos que aqui nos encontrámos e cada um de nós com os seus companheiros de 4 patas”.

Miguel Nóvoa, veterinário e vice-presidente da Associação, fez um balanço muito positivo deste evento, e acrescentou que se pretende continuar a realizar este tipo de Encontros no concelho do Sabugal.

O próximo Encontro de Ferradores acontecerá já no dia 19 de Março, na Quinta do Pisão, em Cascais. 

Conheça na intrega o testemunho de Beatriz Rodrigues:
"Hoje foi dia do Encontro de Ferradores no Soito, promovido pela AEPGA e acolhido pelo Município do Sabugal.
Fiquei muito feliz por ter próximo de nós esta associação que tanto admiro e que já sigo há algum tempo. Esta zona, e em especial o Soito, é mais conhecido pelos touros e cavalos do que pelos burros, mas consigo pensar num bom punhado de gente daqui das redondezas que tem burros e que prontamente se inscreveu para participar neste encontro. No grupo que se reuniu havia ferradores, criadores e pessoas que como eu têm burros e não são propriamente da área, nem tão pouco estão habituadas a toda uma vida no campo.
Estava assim reunido um grupo heterogéneo muito interessado em aprender e em partilhar experiências, factores essenciais para melhorarmos as nossas práticas com os nossos animais, de forma a que possam viver uma vida mais saudável.
Persistem ainda muitas práticas “antigas” no trato dos burros desde a forma como se lida no momento de tratar os cascos, “domando” o animal infligindo-lhe dor ao invés de ganhar a sua confiança, ou o “deixar andar o animal” até que manifeste algum mau estar, momento em que finalmente o dono pondera tratar dos cascos, por vezes já em situações extremas e que pudemos verificar na apresentação dirigida pela veterinária Belén Leiva.
Admiro o trabalho de ferrador, é deveras um ofício sensível e difícil mas uma arte que só quem realmente gosta é que faz.
O Carriço foi o burro que serviu de exemplo para a parte prática desta formação e que se portou lindamente ao cuidado do ferrador Manuel Campião.
Todos estes momentos são uma mais valia porque acrescentam conhecimento, juntam pessoas com os mesmos interesses e criam-se redes. E é precisamente isto que necessitamos cada vez mais, sentirmo-nos ligados, encurtarmos as distâncias e fortalecermos estas relações, entre nós todos que aqui nos encontrámos e cada um de nós com os seus companheiros de 4 patas.
Bem-haja AEPGA pelo vosso trabalho e por virem até nós!"